De olho no Dev: Ishateè e o clássico Maker.
- Misterdovah
- 3 de mar.
- 3 min de leitura
Eu poderia começar falando o nome de um título, mas seria injusto. Quando se entra em contato com os projetos de Ishateè, mesmo que sejam demos ou experimentos, entra-se em contato com um estilo.
Tenho experimentado alguns de seus jogos e posso dizer que não somente a parte gráfica carrega identidade, mas a estrutura narrativa também. Então, vamos em um passeio pelo universo Ishateeiano.
O visual: Ishatee constrói linhas de expressão cativantes, perturbadoras e interessantes. Uma arte que, se fosse uma pessoa, não teria um círculo social amplo, faria leituras muito reflexivas e seria de poucas palavras. Não importa se sorrindo ou sérias, suas personagens "sabem" que seduzem e não se importam com o efeito disso. O autor classifica seu estilo como mescla de anime com realismo. É o estranhamento do qual não se tiram os olhos. Às vezes é como jogar uma arte que poderia estar em um livro de contos de fadas clássico.
A narrativa: os enredos aprensentam um novelo complexo para desalinhar. A começar pelas personagens, que sem pudor algum transitam entre o humano e animal, ou seja, contextos coabitados por seres antropomórficos com naturalidade fazem do elenco dos jogos um show a parte. Em Masako Sytem, seu título mais recente, o grupo é composto por três adolescentes e um cachorro, enquanto de Song of Forgotten, um projeto de jam, são um cão, um cavaleiro montado em seu cavalo, uma jovem que ninguém consegue ver e a misteriosa empregada da família Armstrong. Não fica atrás Bear Rumor, que conta a história de um professor que se encontra preso em um corpo de um animatronico de urso, um urso que deseja se tornar humano, um urso consciente de que está morto e adolescentes manipuladores de magia. Os enredos propostos trazem um corpo tão perturbador quanto a arte, com uma polifonia (entre narrador, narrador-personagem, personagens virtuais, tempo psicologico) que podem fazer um jogador desatento se perder. Uma confusão aparente dentro de uma coerência planejada para isso. Ishateè constrói um enredo que se localiza entre o espiral e o explosivo, fazendo voltas e inserindo novos contextos, às vezes sem aviso, que fica a cargo do jogador unificar em sua experiência.
Atualmente, o desenvolvedor trabalha em múltiplos projetos de universo compartilhada que culminarão em Masako System, seu projeto comercial e que já possui uma base de apoiadores e admiradores. Com narrativas que empurram o jogador em um caminho de pedaços de explicação (a rota misteriosa) em direção a um plotwist/epifania (o desvelar de tudo) que pode ser alcançada com o cumprimento dos requisitos para os melhores finais, Ishateè imerge seu público em contos curiosos que desafiam a lógica, a previsibilidade e o silogismo.
Os jogos flertam com os antigos jogos de Rpg Maker como Corpse Party, Ib, Ao Oni, Mad father e Crooked Man. Cenários abertos, exploração sem bússola e compulsória, puzzles hardcore e uma hostória que às vezes conta sem mostrar a escatologia da cena e isso o suficiente. São experiências ludo-narrativas que se assemelham a uma ponte de vidro fino: um deslize de desatenção e as lacunas quebram tudo.
Aqui o jogador joga o jogo, mas o deve também joga o jogador. Eis os projetos da saga Masako.
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O Ishatée é espetacular em tudo o que se propõe a fazer, é uma verdadeira máquina rsrsr. Admiro profundamente sua arte.