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LUNARI - Uma introspecção claustrofóbica

Atualizado: 2 de mar.

Tecnicamente, Lunari é o embrião de um roteiro que brilharia nos cinemas. Emocionalmente, Lunari é uma poesia em forma de jogo sobre tempo, amor, vida, morte e o desconhecido. Este jogo se encontra disponível e comentado pelo Ryan, o Tigrão da nossa comunidade Maker, aqui: https://condadobraveheart.com/threads/lunari.8322/#post-62723

Receba o convite de vivenciar a experiência e, caso não se importe, continuo a análise com possíveis spoilers. Aviso dado!



Agora, é hora de uma análise pessoal. Baixei Lunari inspirado pela resenha do Ryan e por já conhecer a dedicação com que o Artie compõe suas obras. Então, entre prós e contras, decido iniciar com dois pontos a melhorar para depois ir para a parte mais interessante:

1-      O diálogo da protagonista com a sombra poderia ser mais marcante. Naomi defende suas crenças de forma repentina. Senti falta de algum elemento mais próximo da surpresa de estar em contato com aquele ser sombrio.

2-      Comunicação: no mapa do corredor, senti falta de tiles indicativos de portas nas laterais, o que me fez procurar por mais tempo as salas.

3-      Bugs e dúvidas serão reportados diretamente ao autor.

Dito isso, prossigamos:

a)      Enredo: Naomi é uma amante do cosmos. O mistério do universo abrilhanta sua vida de modo a impulsioná-la. O ditado sobre o deserto ser impressionante em razão das possibilidade do que tem nas areais cabe muito bem na relação do ser humano com o espaço, as estrelas e a lua. Eu mesmo fui tragado pelos sonhos de Naomi em relação ao espaço e em vários momentos retomei outros textos. É impossível não conectar o jogo ao filme Interestelar, tanto na questão da relação temporal quanto no ciclo da personagem. Outra obra que me veio à mente foi o livro O JOGO DO ANJO, de Carlos Zafón, por um detalhe do final. No jogo, Naomi é uma cientista a bordo da nave Lunari e se depara com o misterioso desaparecimento de toda a tripulação, ficando apenas ela e o assistente cibernético BEEMO. A partir desse momento um fio condutor de horror se desdobra para que o jogador vivencie os sentimentos de Naomi. Um círculo surpreendente.

 



b)      Personagens: Naomi me pareceu uma autêntica sonhadora cujos sonhos são sadicamente destroçados no decorrer da narrativa. A evolução da personagem diante dos conflitos a tornam uma heroína forte. Resgatar a si mesma é a saída. Beemo é o assistente virtual construído pela cientista, a quem considera mãe. Beemo é carismático, o tipo de mascote que vira funko pop e ilustra camisetas de fãs. Ren é um coadjuvante motivacional, não tem espaço desenvolvido na narrativa, mas ilustra um momento de grande emoção no jogo. Namorado de Naomi, faz parte dos sonhos mais íntimos de nossa menina. 

 



c)       Atmosfera: juntando o visual e o sonoro, que sabemos dispensar apresentações, Artie constrói um ambiente claustrofóbico, seja nos delírios, seja na realidade da nave. Naomi olhando pela janela e refletindo sobre si mesma e sobre o nada que cerca a nave (já que está no espaço), é de se pensar que ela se vê dentro do nada e que isso pode ser um reflexo de uma autopercepção. A iluminação do jogo acompanha essa sensação, de lugar fechado. Sobre os sentimentos, a reflexão sobre tudo o que se sonha se perder pra sempre aumenta a agonia do jogador já imerso. Um dos maiores medos dos gregos antigos era ter a memória apagada no mundo e Naomi revive isso quando imagina toda sua história ser tragada pela ameaça que cerca Lunari.  Sobre a música, eu tive a sensação de estar vendo um filma dos anos 80/90 e isso foi muito legal.

 



 

d)      Jogabilidade: Naomi se movimenta e explora o ambiente, engatilhando possibilidade de prosseguir a narrativa, que é linear e foco da experiência. Tal qual uma fábula, o jogador aprende com a experiência de Naomi. Além do mais, o jogo apresenta uma UI muito bem organizada.  Não há mecânicas diferenciadas, acredito que a mecânica sobre a sanidade da personagem não foi desenvolvida.

 


 

Pensamentos finais: recomendadíssimo! Embora pareça ser um protótipo, pois eu vejo MUITO potencial para a expansão desse universo. Lunari equivale a um curta-metragem que estapeia o espectador e o deixa com fome de mais. Promete sem dizer uma continuação ou mesmo uma ampliação da narrativa, pois há lacunas que entregariam para o jogador um enredo mais deslizante e degustativo.



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